CICATRIZES

Cicatrizes  
Suave, a chuva fina tamborila
no vidro embaçado da janela
Absorto o ancião observa a rua
da solidão da cálida cidadela.
 
O passado recrudescendo n’alma.
De soslaio vê a sombra refletida...
Empertiga-se, cofia o ralo bigode
Quantas vidas vivera? Sequer uma vida?
 
Tremulas mãos inúteis, insurgentes,
não permitem que apanhe o cálice
do suave vinho rosado borbulhante.
 
Olhar perdido, ralas  lágrimas quentes
rolam pela face enrugada pelo tempo
entre cicatrizes indeléveis, causticantes.


 By:  Maurélio  Machado