Poupando

 

Quando por anos dei tudo ao outro, sem dar a mim

E ao receber tudo alheio, sendo este verdadeiro

Transformei-me em mercado, causando motim

Pairando a dúvida, em forma de devaneio

 

Ao ter o toque de outrem, que não vale um tostão

Me volto pra dentro, querendo dar troco

Mas  só carrego comigo, um amontoado de  libras

E o que recebo de fora, por hora, é real

 

Não há mercado que sustente essa dízima cruel

E o romper da bolsa já anuncia o novo

Não há mais lance a dar nesta minha vida feudal

Só me resta, portanto, aceitar minha queda

 

Leiloar-me-ei por bagatela

Aceitando do outro, o que lhe é precioso

E se carinho for, de fato, uma moeda sem preço

Aceito um pouco, mesmo sendo ganancioso

CRISTIANO WARDIL
Enviado por CRISTIANO WARDIL em 28/12/2021
Reeditado em 28/12/2021
Código do texto: T7416715
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