Poupando
Quando por anos dei tudo ao outro, sem dar a mim
E ao receber tudo alheio, sendo este verdadeiro
Transformei-me em mercado, causando motim
Pairando a dúvida, em forma de devaneio
Ao ter o toque de outrem, que não vale um tostão
Me volto pra dentro, querendo dar troco
Mas só carrego comigo, um amontoado de libras
E o que recebo de fora, por hora, é real
Não há mercado que sustente essa dízima cruel
E o romper da bolsa já anuncia o novo
Não há mais lance a dar nesta minha vida feudal
Só me resta, portanto, aceitar minha queda
Leiloar-me-ei por bagatela
Aceitando do outro, o que lhe é precioso
E se carinho for, de fato, uma moeda sem preço
Aceito um pouco, mesmo sendo ganancioso