Cais

CAIS

(Erick Bernardes)

Mares,

vidas amolecidas,

esteio dos pescadores,

linhas sinuosas mexendo no horizonte.

Lá onde avultam pensamentos,

velas em vista: saudades da Terra tolhida.

Atravessamento do passado colonial abrupto,

cruzamento do presente corrupto.

Futuro de outras águas salgadas e soluços.

Há histórias que não mudam.

Reclamam as ondas espumando no final, choram na areia...

Noites sem conta e sem ceia,

o sal que se vê não é do mar.

Singraram o Atlântico, sangragram tanto!

O banzo a corroer contemporaneamente

- ainda -

dorme entre os restos de si.