Durante e depois
É primavera
Canto do sabiá
Ponteia o bem-te-vi
Ruas estreitas
A cidade paciente sorri levemente
O tempo passa na velocidade do riacho
Na matriz a torre num sempre olhar
O burburinho na leitura litúrgica
E seguem-se na manhã sonolenta
Os rituais além dos já normais
Beijo no rosto, puxa-se a cadeira
Chegam mais
Pessoas de jeitos ambientais
Essas de fundo de quintais
Paz e bonança...
Aspargo, couve-flor, palmito
Azeite, algum vinagre
Quebrar a saudade
Na língua, variado é o resultado
Na ponta, no meio, no final
Vinho tinto original, seco
Carne de churrasco
Mais palmito
E o que cerca, miúdos
Na geladeira o suco
Verde, amarelo, anil
Limpar corpo e alma
Ficar leve e sem receio
O medo não seduz
Pelo menos para quem é normal...
E a banda toca e passa
A rua calçada, levemente molhada
Reflete as luzes da ribalta
Anoiteceu e a vida se abriu
Na marquise o recolhimento
Mesas e cadeiras na calçada
Copos tilintam
Bocas sorriem
Olhos brilham
Atores de uma vida tranquila...
Sorrateira é a solidão de observar
Estando no segundo andar