O EREMITA

Seu eremita, seu eremita... Qual é a sua fita?

Porque não lava o pé?

Porque não corta a unha?

Porque não apara a barba?

Porque não usa paletó, terno e gravata?

Porque não usa celular?

Porque não tá no “face” nem no “Insta”?

Seu eremita, qual é a sua fita?

Ora, criança enxerida, pra que quer saber?

Se eu quis me esconder da vida estressada,

Para ouvir o passaredo, sentir o aroma do arvoredo,

Banhar-me em cachoeiras espumantes, comer da fina flor do campo,

Tabernacular com a natureza...

Só porque eu não entulho as nascentes de polipropileno é que sou diferente?

Só porque não aturo as falácias da cibernética; porque não comungo a cartilha das convenções sociais, não posso ser deixado em paz? Com efeito! sou alérgico a monóxido de carbono. E no outono é que me deleito.