Relicário do tempo
Os sonhos caem em cachos
na tela nova e vazia
e escorrem rio abaixo
procurando companhia.
E dentro deles, me encaixo.
A saudade é nua e fria.
Corta o silêncio a esperança
e desliza silenciosa.
O relicário do tempo
guarda o segredo da rosa
que não se perde no vento,
floresce misteriosa.
O verso cadenciado
tem o perfume das flores,
num beijo descompassado
imita a voz dos amores.
E em passos desencontrados
vagueia em nuvens de cores.