DESEJO DE OUTONO
O desejo impulsiona as águas
Á abandonar a nascente...
Em uma descendente mergulham...
Cortam-se nas pedras,
Sangram em gotas por todo caminho...
Mas nada muda seu destino...
Querem ver o mar.
O desejo é o amor gritando,
Quer romper a carne.
É a semente que vence a terra,
Mesmo quando há escombros
Ou está ressequida,
Triste, e até devoluta,
Cercada de espinhos,
Nada pode impedir...
Ela vai brotar.
Mas tem vezes que o desejo se cala...
Passa a ouvir a saudade...
A respeitar a distância...
E nesse dia o rio humildemente transborda...
Foge dos olhos...
A semente agora também murcha...
Em seu berço eterno descansa...
E eu observando tudo...
Sentindo calado...
É... Chegou outono...
Apenas escrevo...