SOBRE POETAS E POESIAS
A poesia só deveria brotar de almas virgens,
Imaculadas de desejo,
Inocentes do bem-querer,
Sem lembranças de flores, perfumes e cores...
Do amor desconhecer...
As verdadeiras poesias quando ainda sementes
Não deveriam estar no coração,
Para que quando brotassem não rasgassem o peito,
Impondo ao jardineiro a devoção de regá-la com lágrimas...
Fazendo sangrar aquele que a pariu.
Alfabeto maldito!
Quebra-cabeça infinito...
Letras que ganharam vida se inebriando de seu hospedeiro
Fôlego que a própria morte teme conhecer
Se há dádiva em ser poeta é a imortalidade
Encontrada na certeza que sempre haverá
Uma alma a ser tocada
Após por amor ser desvirginada.
Ah! Poeta, que mal fizestes a Deus?
Tua arte expõe tuas vísceras,
Para tuas dores não há lenitivo a aplicar
Teus gritos não encerram o silêncio
E depois de tudo isto sofrer
Já não pode tomar o que é teu
Para todos são apenas palavras...
Para ti é um filho que nunca te pertenceu.