A PRINCESA DOS PRADOS
“Ao José Félix”
A gazela, a gazela,
A gazela pula e dança,
Não há nada como ela
Neste prado de esperança!
Neste prado de esperança
Com a relva a escassear
Resta a fé em contradança
Para a fome se matar.
Passa a fome, fica a sede
Apetece às vezes fugir,
Onde estará a verdade
Para a alma consumir?
Mundo-cão é um deserto
Onde Almaviva não medra
Nem ao longe, nem ao perto,
Só há areia e ruim pedra.
Pior qu´ ele só a selva
Onde impera o vil felino
Não se contenta co´ a relva
Mas de alimento indigno.
A minh´ alma é qual gazela
De silvestre natureza
Sua energia é singela
Mas, seu segredo, a destreza.
Sua arma é a prudência
Contra toda a armadilha
Sempre atenta à concorrência
E a qualquer feroz matilha.
Não tem medo do leão,
Muito menos da pantera,
Paciência sempre à mão
E é a luta que a tempera.
A princesa destes prados,
Está feliz e vigilante
Relva fresca, e nunca cardos,
E água viva refrescante.
A gazela, sim, a gazela,
Pula e dança todo o dia
Com a sua alma à vela
Sem cair na fantasia!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA