NOVA MANHÃ

Deitado na relva

observo as nuvens conversando,

indo de cá para lá e de lá para cá,

a passos suaves, sem um quando,

o vento voa e leva ciscos pelo ar...

Fecho as pálpebras bem devagar,

pássaros passam em miúdos passos,

ato contínuo me ponho a espreguiçar,

a tartaruga ultrapassa o cágado lasso...

Finjo que tenho pressa e o sonho vem,

traz em suas mãos um travesseiro,

me viro do lado e me sinto um neném,

pelas narinas, da alfazema, o cheiro...

O tempo, cansado de rodar suas roldanas,

aposenta seus ponteiros, sente a maresia,

se esconde no mato, numa velha cabana,

hoje, sereno poeta, engendra suas poesias...

O pato nem nada, o ganso se refestela,

meu amigo Newton abocanha a maçã,

um anjo, com cara sonolenta, na janela,

abre as cortinas para a nova manhã...