FOGUEIRA
Fogo que crepita na noite de São João
Nas faíscas perdidas de minha retina.
Abrandando de alegria e sonho o meu coração
Na luz cintilante que abrasa minha Sina.
A fumaça se dissipa como Manto
E uma nuvem eleva se ao altar celestial.
Estalos na madeira queimada, chora meu pranto
Numa noite, agonizante e visceral.
Pular fogueira; comprometimento e encantamento.
Na magia! Não perder a tradição
Deste ritual divino do firmamento
Nas noites enluaradas de minha alienação.
As chamas ainda resistem bravamente
Perdidas no altar do próprio Tempo.
Procurando os jovens que dançavam ardentemente
Em torno do fogaréu de nosso Olimpo.
Hoje, tristemente, apenas um velho desprezado
A vasculhar as cinzas da fogueira do trocadilho
No suave aroma da poeira negra do passado
Encontro brasas, resistindo em chamas, no meu próprio entulho.
João Passos