O DIA NO RANCHO ALEGRE
O dia acordou alegre!
A aragem da manhã
Despeja em nossas narinas
Um unguento de ternura.
As nuvens lânguidas se movem,
O astro-rei doura a gleba,
Do cajueiral emana
Melodia doce e pura!
O sol despertou festivo...
Com ele o vaqueiro Marcos,
E perseguindo seus passos,
A Mirela e o Cauã,
Descalços, desnudos, livres
Em direção ao curral
Chamando os nomes das vacas
Pra ordenha da manhã.
Ê azeitona!
Ê camarão!
Vaca café!
Ê coração!
Vaca lavrada!
Vaca bordada!
Ê andorinha!
Ê chocolate!
Ê parmalate!
Vaca ratinha!
Borboletas esvoaçam
E abelhas fazem a festa
Nas frondes das pitangueiras
De fruto bem vermelhinho!
Os pássaros em algazarra
Saltitam pelo terreiro,
Seus rastros deixam suaves
Bordados pelo caminho.
Cabeça vermelha,
O sofrê bonito,
Tetéu, periquito,
Sabiá, cancão,
Anum, azulão,
Canário, golinha,
Graúna pretinha,
Pardal, bem-te-vi,
Tiziu, juriti
Vem-vem e rolinha.
O sol já muito enfadado,
Vai repousar no poente,
E desfralda o lençol rubro
Sobre a desbotada mata.
Os animais se recolhem,
Os sons noturnos se exalam
E Deus desenha no céu
Imensa bola de prata.