O DIA NO RANCHO ALEGRE

O dia acordou alegre!

A aragem da manhã

Despeja em nossas narinas

Um unguento de ternura.

As nuvens lânguidas se movem,

O astro-rei doura a gleba,

Do cajueiral emana

Melodia doce e pura!

O sol despertou festivo...

Com ele o vaqueiro Marcos,

E perseguindo seus passos,

A Mirela e o Cauã,

Descalços, desnudos, livres

Em direção ao curral

Chamando os nomes das vacas

Pra ordenha da manhã.

Ê azeitona!

Ê camarão!

Vaca café!

Ê coração!

Vaca lavrada!

Vaca bordada!

Ê andorinha!

Ê chocolate!

Ê parmalate!

Vaca ratinha!

Borboletas esvoaçam

E abelhas fazem a festa

Nas frondes das pitangueiras

De fruto bem vermelhinho!

Os pássaros em algazarra

Saltitam pelo terreiro,

Seus rastros deixam suaves

Bordados pelo caminho.

Cabeça vermelha,

O sofrê bonito,

Tetéu, periquito,

Sabiá, cancão,

Anum, azulão,

Canário, golinha,

Graúna pretinha,

Pardal, bem-te-vi,

Tiziu, juriti

Vem-vem e rolinha.

O sol já muito enfadado,

Vai repousar no poente,

E desfralda o lençol rubro

Sobre a desbotada mata.

Os animais se recolhem,

Os sons noturnos se exalam

E Deus desenha no céu

Imensa bola de prata.

Dideus Sales
Enviado por Dideus Sales em 07/04/2021
Código do texto: T7226323
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