Ao andarilho ignoto

Por esses montes brandos

Brinca o pai ígneo da vida,

Atento a tudo na subida

D’ameia nos locais baixandos.

Por entre as árvores se coloca

E no chão de folhas luz aloca.

Luz inocente qual em primo dia.

A tarde flui sem falta que expia,

Límpida como d’antes à queda,

Então a gente também leda.

Passa o longo vagão sonoro

E rompe o silêncio inodoro.

Cospe parcelas de fumo.

Deixa rastro no lento rumo.

Com retidão ele flutua

Por entre a mata verde e nua,

Sob a férrea e constante linha.

No bosque há muito se aninha.

Ao silêncio celeste e completo

Ajunta-se logo outro discreto.

No vilarejo dali bem perto,

Na marquise da igreja fechada,

Vive um d’experiência experto,

Mas isento de terras e manada.

Com ideia, de pobreza, já cansada,

Dorme o sono tranquilo de um cão

No tão duro e eclesiástico chão.

Deixai o infeliz adentrar

Banhado já por infortunado mar,

Que ele só busca a salvação!

Iago O Gazola
Enviado por Iago O Gazola em 20/03/2021
Código do texto: T7211852
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.