O Sol e a Tarde
À tarde o elemento da fornalha
Pelos cantos do planeta escorre;
Cada partícula é como uma navalha
Cortando a tarde, que mais tarde morre.
Girando em torno da mansão altiva
A nave de ouro pelo espaço corre,
Luzindo falsamente a tarde esquiva;
Brilho fugaz, pois a tarde morre.
Findo o espetáculo da mor plateia
O artista cansado tome um porre,
E rindo, um riso insosso, cambaleia
Enquanto em agonia a tarde morre.
O relógio faz soar, com nostalgia,
Seis badaladas, numa velha torre,
Anunciando que findou o dia,
E envelhecida expira a tarde e morre.