Os vizinhos não são visitas. Fiquem longe da minha porta.
Hei de ser
escrava até o fim
Razões para sorrir
um prato de lenti-
lha
e ervilha
para as visi-
tas.
Hei de ter
motivos infindáveis
para escrever
Não me acomodarei
no conforto das mesmices burguesas
Devo até mesmo
ter o direito de reclamar
e assim
reivindicarei
meu lugar
na servidão.
Com a sorte que tenho tipo
sensatos serão
os meu senhores
amarei na distância da tela
e da janela
os Comodores
sorrirei pelo sucesso
de alguém por quem me identifiquei
me sentirei representada
pela alforria do irmão que a comprou
Permanecerei à regalia
da minha intelectualidade sem valor.
Chorarei pouco,
pois há uma proteção divina
no amor de quem me destina amor
E há liberação da morte
das mãos do Deus dos meus senho-
res
Acredito em tudo,
duvido de certificações
evito estatutos
estudo
estudo
estudo.
Um dia vou decorar uma letra de samba
arrumar uma roupa bamba
comprar um ingresso sem coroa
Para sentir-me finalmente liberta.