VEM!
Vem criança, toma a minha mão e vamos caminhar.
Vou te ensinar a saborear a vida
Vê? O sol já vai subindo
e a lua branca parindo uma manhã radiosa.
Pára, não ria de mim. Estou falando sério.
Vamos cavalgar as nuvens, pelas campinas do céu.
Ouve a brisa no arvoredo e não tenhas medo:
é só o vendo, que hoje está manso
e não faz mal a ninguém.
Compreende a beleza do universo
cantada em prosa e verso, pelo poeta.
Voemos rumo ao zênite, ponto culminante de tudo.
O astro-rei caminha mudo, ao seu destino.
Quanta magnitude tem o infinito!
E, no entanto, o simples pranto de um infante,
faz Deus se voltar e até nós chegar.
Ele se fez pequenino e, de Maria,
nasceu um menino, cheio de alegria.
Para salvar o mundo, foi até o fundo, no Calvário.
Se o Senhor, que tudo pode, assim escolheu,
uma lição quer nos ensinar:
Não busques grandes feitos, não imponhas teus direitos,
nem queira começar uma guerra.
A vida simples, singela, é um refrigério,
um desafio e um mistério:
o nascer do sol, o pleno dia, o ocaso, o anoitecer.
Verão, outono, inverno e primavera.
A nuvem branca, onde estamos agora,
vai sua chuva verter, perfumando o ar,
com cheiro de terra molhada.
A flor abriu e, já despetalada,
deixa cair sua semente fertilizadora.
Do broto, nasce a árvore frondosa e,
à sua sombra generosa, vamos nos sentar.
Cansados da nossa jornada, ficamos de prosa,
esperando a madrugada chegar.