A PRECE NÃO ARREFECE
Mamãe estava mal essa é a rima
Tipo no corredor da morte sem pantomimas
Nas asas estupidificadas da incongruência
Cuja interferência não há quando a carruagem infernal se aproxima...
Mama estava mal, seu novo quarto adjacente e atemporal
Era o hospital do coração!
Ela estava incondicionalmente mais pro lado de lá
Do que peremptoriamente falando do lado de cá...
Obviamente fora internada as pressas
Pois seus sinais vitais estavam
Como os empresários que falharam
Indo literalmente à falência...
E como numa olimpíadas sem ganhadores
Os três irmãos obviamente seus filhos
Se revezaram durante exatos treze dias...
Fazendo da esperança suas tranças no tempo
Nesta dança do cotidiano que a ninguém mais apraz...
Principalmente neste conturbado tempo de pandemia...
Mais corroborando e filtrando todos esses dias
Pude perceber que estes três filhos
Por fora do âmago dos trilhos
Que no quarto que estávamos irmanados, qual útero
E nos movendo como as peças de um xadrez...
Onde na mãe tivemos umbilicais sondas introduzidas
E segmentos pegando as quase sumidas veias...
Naquele momento pude perceber
Que estávamos parindo nossa mãe de volta
Do involucro que ela nos deu
Invisíveis cordões umbilicais se entrelaçaram
E as trouxemos de volta pelo sangue da videira...
Da qual ela agonizante na placenta nos pariu...
Pois nesta vida tudo é um rio que passa
E agora tudo está bem
Deus é um juiz indivisível
E embora seja invisível
Está presente em todos ar que respiramos
Tal qual a luz do sol, este maçarico que a todos aquece
E que brilha faminto quanto mais a escuridão dele padece...
Eis a minha prece ao Deus Maior...
A fé é como o tempo de Deus que nunca envelhece....