Ala-cridade
Acordo.
Não sei como,
Mas acordo.
Não me sinto acordado.
Escovar os dentes,
Lavar o rosto,
Café da manhã,
Alguém sabe o nome daquele rapaz que morreu de câncer no fígado?
(Silêncio na sala).
É só depois de morto que se percebe que alguém existiu.
Fique quieto enquanto os impostores atravessam a rua com seus manuais sagrados.
O longo rio entre mim e o Desconhecido
Os olhos se fecham diante da idéia de se Morrer,
Eu podia te matar só pra fugir temporariamente do tédio
Eu não sou um ser
Eu caminho
Grande coisa seu idiota
Eu enfiei meu pau em várias mulheres
Até os animas também trepam seu idiota
Grande coisa
Sinto-me alegre não sei por que
Não sou feliz
É um incômodo e uma mágoa por tudo que existe
Ponho as mãos no bolso
( o que estará acontecendo em outras galáxias?)
Quero morrer,
Penso em morrer,
É bom estar vivo pra se desejar morrer
Haverá um tempo em que nem isso será possível
Ninguém pra se conversar
Duas baratas correndo no chão do banheiro
E isso existe de fato.
Levam a vítima atropelada pra sala de cirurgia
Enquanto alguns jovens numa outra cidade cheiram cocaína.
Tão lindo!!!!
Eu sinto que eu deveria sentir uma outra coisa,
O barulho do ventilador na lanchonete,
Prossigo por outra rua,
Cada casa ao lado é mais um universo repleto de mistérios, de segredos e de crimes.
O grande segredo de não existir verdadeiramente segredo algum
Coço o nariz
Penso em sexo
Alguém estará usando a imagem de meu corpo pra se masturbar
Toda rua me leva ao mesmo nada palpável
Eu preciso chorar antes de voltar pra casa
Já que não existe ninguém que chore a minha ausência
Vou pelo menos fazer isso por mim.
Minhas lágrimas dignificam minha dor.
Quero entender o que é a vida
Quero entender tudo o que há
Meu Deus! Já é tarde,
Preciso voltar pra casa,
É um bom motivo pra não continuar prosseguindo
Quero toda a Existência aos meus pés,
Acordo de onde não estou.
_Oi Mundo! (Barulhos confusos)
_ Oi Deus! (Silêncio torturante)
_Oi Estupidez!( escuto meu pensamento)
_Oi Morte! ( algo me arrepia)
Estou onde? Sou?
Sou um verbo medíocre.
É engraçado.
Palhaço entretendo provisoriamente a Existência.
gilliard alves