Quanta saudade!
 
Ah... quanta saudade
daqueles bons tempos,
que se perderam pelos caminhos
por onde a vida passou!
Hoje, pelas frestas do pensamento,
escapam lentamente,
trazendo recordações.
 
Quisera ver outra vez o vento forte,
balançando os galhos
da mangueira que, se debruçava,
curiosa, sobre a janela
de meu quarto de criança,
levando-me a tremer de medo,
imaginando assombração!
 
Quisera ouvir, novamente,
o barulho da chuva grossa,
batendo forte na vidraça
numa monotonia sem fim,
enquanto eu, admirada, assistia
os pingos encherem as poças
que se formavam no jardim!
 
Quisera poder, ainda,
espreitar pela janela
de meu quartinho apertado,
a lua, radiante e bela,
no céu cheinho de estrelas,
parecendo um lençol bordado.
 
Quisera andar pelos campos
ainda úmidos de orvalho,
com os pés livres, descalços
como tantas vezes andei,
sem temor pela violência
que hoje ronda nossos passos,
sem m'importar com os espinhos
que na pele espetei.
 
Quisera voltar no tempo,
quisera não ter crescido,
ser criança eternamente
pra não ver as nuvens negras,
da ganância e da discórdia
que, no coração dos homens,
crescem vertiginosamente!



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Antonia NeryVanti (Vyrena)
Enviado por Antonia NeryVanti (Vyrena) em 26/09/2020
Reeditado em 26/09/2020
Código do texto: T7072845
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