Consequências

Leio em mim duas palavras únicas

Sílaba por sílaba traduzo suas essências

Nas pontas unifico céu e chão

No meio, nada mais que silêncio.

Ao dividi-las ao meio,

Separo o esquecimento da lembrança

Metade é a fuga do meu próprio medo

Metade é a imagem do atrevimento.

E sigo na divisão sem muito método

Em cada pedaço crio um verso

Como se esparramasse riso e pranto

Em meio às reticências que desconheço.

E rubro as faces ao vê-las tão expostas

Tento refazê-las cosendo apreços

Dou-lhes nova pele e assim, renovadas,

Tatuo-as em mim – sou sentimento.