Meu endereço

Moro na primeira rua

depois da primeira curva

na ponta daquela esquina

onde tem uma vendinha

que não vende nada

mas o dono adora conversar.

Aí, um passinho a frente

tem um pé de calmaria

grande feito um jamelão

cheio de folha de livro

e uma sombra verdinha

feita pra gente deitar.

E a gente deita

e o vento vai trazendo história

até o sol acabar.

É por ali que eu moro,

entre a vendinha de nada

e um pé de folha de livro.

seja bem-vindo ao meu mundo,

meu endereço

é meu poema.