CREPÚSCULO SERTANEJO

No caroazal empoeirado

O teiú vive feliz.

No pasto entre o gado

Corre tranqüila a perdiz.

No pau-ferro, a favor do vento,

João de barro faz sua morada.

O sabiá canta no quiabento

Com saudade de sua amada.

Na sombra da baraúna gigante

Canta a cauã, canta o cancão,

Canta a araponga e a seriema andante

Sinfonia do meu sertão.

Os cascavéis se arrastam pelas frestas

Das folhas mortas da imburana.

Os urubus fazem festas

Por onde passa a sussuarana.

Do tronco da porteira

Voa livre o bem-te-vi.

À tardinha na capoeira

Canta alegre a juriti.

No horizonte o sol faceiro

A natureza faz partir.

Nos galhos nus do imbuzeiro

As pombas rolas vão dormir.

Foge lentamente o clarão,

A coruja seu vôo ensaia.

Em cada canto do sertão

A tarde sonolenta desmaia.