PAREI PÁ PITÁ UM PAIERO
Sentado ao verde pasto
Parei pá pitá um paiero
Olhei o horizonte casto
Já se finda linda tarde
E o grito do quero-quero,
Nos convida ao violão
Uma trova, um verso,
Talvez um tango,
Ou um melodioso bolero.
Reparo no alto das colinas
As flores no arvoredo
Florido das campinas.
Labuta constante que
Muito nos ensina,
A cultivar do grão
da terra e até entre
As folhas secas
Entender e compreender
O sentido e valor da resina.
Olho os calos de minhas mãos,
Vejo tudo com gratidão,
O vale a serra, o plantio da terra,
Da soja, arroz, feijão
Tudo plantado grão a grão.
E beirando as pedreiras
Tão próximo as nascentes
Vejo as videiras, tão vivas,
Reluzente esplendor
Que seu néctar tudo realça.
Sirvo do teu vinho
Na minha antiga taça,
Sinto seu sabor e aroma
E ainda acho graça.
Como podes pequena fruta,
Ser tão magnifica e absoluta.
De repente me assusto
Apreciando com tal zelo
Todo trabalho feito com encanto,
Saio dando pinote todo abobalhado,
Faço um galope de carreira já atrasado,
Tenho que recolher o gado,
A prenda e a mimosa
o Tibúrcio e Colorado.
E então já cumprido essa missão,
Me vou lá pro galpão
Cevar meu chimarrão e
Aos pés do fogo de chão
Cozinhar a janta, delicia de
Iguaria campeira que
Faço tempero com ousadia
Arroz com ovo,costelinha
Com Cambuquira, pra quem
Não conhece isso,ao sentir este,
Precioso sabor da roça
De rogado até se inclina.
E ainda bem antes da bóia
Uma pura pra relaxá,
E então tudo fica bão.
Como amo o meu ranchinho
Terra bruta que me completa,
Desperto entre as nascentes
Vendo o despertar do sol
Entre a neblina por uma
Fria e branca manhã de geada.
É só mais um dia de labuta
neste meu chão, minha terra tão
Louvada, abençoada e amada.