MURMÚRIOS DA TARDE
No plácido horizonte o sol debruça
Pra acordar noutra plaga distante.
A tarde sombria murmura, soluça,
Com saudade do seu amante.
Na distraída atalaia entre o galho seco
Um disparo mortal de espingarda.
No solo ardente sob o vento fresco
Tomba um corpo sangrando sem farda.
E então o algoz o apanha contente
Pensando somente em assá-lo na brasa
Tão logo que pise no batente,
No batente de sua casa!
Num instante insegura e amedrontada
A viúva se esconde da assassina medonha.
Mas ao ver a pena do amado voando manchada
Foge pra outras bandas sozinha, tristonha...
No aconchego das águas mansas do ribeirão
A sombra cansada se deita, desmaia.
Enquanto distante, bem longe do sertão,
O sol nasce novamente na praia.