Vidas Secas Vidas

Nesses campos de pastagens ensolaradas, prolongadas

Eu, abstrato ser, osculo os ventos frondosos em meu rosto

Vejo na limpidez dos céus e no amargor do gosto

O sabor nocivo das águas turvas, alagadas.

Ao longe no firmamento tosco, arquejante, agreste

A tristeza nebulosa da seca, da fome, da morte

Ronda qual ave negra peregrina entre o sul e o Leste

Numa dolorosa volúpia de medo, oração, milagre, sorte.

E eis que observo nas sombras de árvores fantasmas

Siderais artes inomináveis, estranhas, soturnas, cruciais

Cravadas no peito pueril de corpos tísicos e lívidas almas

Nas dores murmurantes de perdas cálidas, frias, mortais.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 07/07/2020
Código do texto: T6998824
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