O LUAR
Meus olhos fitam a lua.
Que no firmamento desliza mansa.
Recordo meus tempos de criança.
Na soleira eu sonhava.
Deus, eu voava!
Sempre voei.
Outros mundos alcancei.
O luar banhava o pátio.
Banhava tudo.
As folhas das bananeiras.
Das pereiras, das laranjeiras.
Banhava o jardim das sombras.
As frondosas árvores.
Os ranchos, o celeiro.
Banhava o nosso sítio inteiro.
Meu olhar se entendia.
A nossa propriedade em prata ele via.
E mais ainda se estendia.
Para o que o coração sentia.
Para regiões que só através de outros sentidos eu conhecia.
Sentia no peito uma alegria.
Tão pouco me satisfazia.
Um luar que tudo enriquecia.