ROSA NEGRA

Os que vêm comigo jamais florescem.

Quem se volta para mim jamais desperta.

Volvem-se à minha alma e erguem-na

sobre um túmulo de obscuridade certa.

Que tremulem sob o manto sombrio da dor

Os descortinados olhos para que me vejam,

pois ali, permanecerei tesa sem perder a cor

Chorando orvalho que de mim gotejam.

Não haverá pé-de-vento que me possa mover,

nem mesmo brisa que me possa arrancar.

Com raízes queimadas e postadas ao sol, ainda assim;

não haverá vida que me tire de lá.

Lá meu negror enriquece-me o dia,

lá não serei eu induzido por nada.

Meu decrépito sorriso provará que a falsidade descerra

As mais embuçadas sentenças, em um conto de fada.

Sobre um altar penitente revestido de impaciência,

em som esganiçado, meu ulo gorjeio.

Alçado pela ingratidão que propaga o egoísmo

Arrematado pela insensatez em meio a um sorteio.

Que meu sentir não seja confundido

com lamentos de dó sem piedade.

Que não seja eu apenas uma rosa negra

após os ecos de torturas e maldades.

Que a minha mente encimada pela escuridão que chega

Não fique exposta sobre lápide de uma rocha rasa.

Que eu seja eu, agora, e para sempre negra;

E que perdurada viva eu, e Minh' alma;

dentro de mim, à sobra de minha casa.