ÊXTASE DIURNO
Entre os laranjais que o sol descora no verão,
quieta venho trazer meus sonhos contemplados,
em noites de mantos azulados, secreta comunhão
com a lua prata no espaço por astros banhados.
A poesia rebenta no ápice da mente inspirada,
na beleza da voz dos rios que correm serenos,
e nas flores vermelhas pelo fogo abrasadas,
quando o sol lança chamas nos prados amenos.
Nas árvores onde pendem os frutos da primavera,
— raios solares girando em luzes multicores,
e as folhas verdes agitadas do outono à espera
farfalham sacudidas pelos ventos invasores.
Tarde chegando com mistério do crepúsculo,
derramando cores por entre aves e suas trilhas,
tecendo versos na toada de um pássaro minúsculo
vou revelando ao universo uma lírica sextilha.