Mais amargo que gim
O arrependimento tem um gosto amargo, que tento a qualquer custo esconder entre álcool e cigarros baratos.
Meu corpo se foi, minha alma ficou, minhas entranhas doem e o ar não entra.
fecho meus olhos, sinto novamente o calor e a vida irradiarem em mim, minha casa… meu lar… meras lembranças que se acabam ao retorno á realidade. O mundo sepia em que estou presa. no inferno físico em que me encontro.
minha tormenta me mata e me mantém viva, por quanto tempo? ainda estou aqui? ainda sou eu?
Os dias se passam na esperança de um dia poder retornar, esperanças cada vez mais frias como o que bate entre meus seios.
A dor do arrependimento me consome e eu, incansavelmente, em corpos alheios tento me manter viva. Sugando energias e sonhos. Quais são meus sonhos ainda?
Anestesiada entre drogas lícitas e ilícitas passo meu dia no breu do meu quarto, já não sou eu no espelho, já não sou eu que habito este corpo. rasgo-me numa tentativa de me encontrar.
quem sou? aonde estou? por que eu?
Procuro incessantemente me prender em algo, enquanto afundo cada vez mais no arrependimento.
Não vejo mais luz, não vejo mais esperanças. existe um Deus? por que tão sem misericórdia?
Imersa em dor e sangue acordo de mais uma utopia falsa em que me encontro no meu lar.
um dia voltarei ao meu lar? sentir-me viva com a “doce” brisa salgada do mar e o sol me esquentando.
hoje sou apenas um boneco de barro pré programado, sem luz, sem calor e somente o gosto amargo do arrependimento.