BALADA DO FIM DE MUNDO

Ao que se principia a escrita

A palo e a bafo seco

Rastro de pinga e tiro de pólvora

Ao som do arvoredo

Sacudindo as galhas

Surrando o tronco

Como uma chibata forte

Pé de pau ainda que fosse verde

Ao invés do revés de fato

Noutro punhado de mês

Olho como que quem vê

A chuva caindo, estralando

No chão rachado do córrego seco

Cigarra berrando as urras

Nas galhas secas igual veia

Aboio corta o cerrado de leste a oeste

De canto a canto desse planeta

Falo que couro de boi tem cheiro sim

Pra mim cheira saudade

Meu gibão é minha casca

Meu sertão minha alma

E os calos na mão contam minha história...

Bruno Andradi
Enviado por Bruno Andradi em 16/05/2020
Reeditado em 16/05/2020
Código do texto: T6948628
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