BALADA DO FIM DE MUNDO
Ao que se principia a escrita
A palo e a bafo seco
Rastro de pinga e tiro de pólvora
Ao som do arvoredo
Sacudindo as galhas
Surrando o tronco
Como uma chibata forte
Pé de pau ainda que fosse verde
Ao invés do revés de fato
Noutro punhado de mês
Olho como que quem vê
A chuva caindo, estralando
No chão rachado do córrego seco
Cigarra berrando as urras
Nas galhas secas igual veia
Aboio corta o cerrado de leste a oeste
De canto a canto desse planeta
Falo que couro de boi tem cheiro sim
Pra mim cheira saudade
Meu gibão é minha casca
Meu sertão minha alma
E os calos na mão contam minha história...