Melodrama

Esvaziam-se os olhos

As palavras estão ocas

As bocas quedam-se caladas

Cansadas.

Esvaziam-se, as ruas, as calçadas

E as orlas solitárias varridas

A cidade se apaga também vazia

Treme no leve trovejar do trovão.

Sonhamos as calçadas

As avenidas abarrotadas

Mas nascem avencas nos quintais

Em nós, limo, água e sal

Somos caracóis

E nossas bocas continuam caladas

Mudas e perplexas

Mas são múltiplos os mangues e os coqueirais

Brotam também as uvas tardias de dezembro

E todas as flores possíveis brotam

E os peixes e abelhas reinam em impérios milenares

Reinam em harmonia absoluta

Libertam-se os animais.

Longe de nós.

Beijo a todos!

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 12/05/2020
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