Melodrama
Esvaziam-se os olhos
As palavras estão ocas
As bocas quedam-se caladas
Cansadas.
Esvaziam-se, as ruas, as calçadas
E as orlas solitárias varridas
A cidade se apaga também vazia
Treme no leve trovejar do trovão.
Sonhamos as calçadas
As avenidas abarrotadas
Mas nascem avencas nos quintais
Em nós, limo, água e sal
Somos caracóis
E nossas bocas continuam caladas
Mudas e perplexas
Mas são múltiplos os mangues e os coqueirais
Brotam também as uvas tardias de dezembro
E todas as flores possíveis brotam
E os peixes e abelhas reinam em impérios milenares
Reinam em harmonia absoluta
Libertam-se os animais.
Longe de nós.
Beijo a todos!