Recanto único                           ( Imagem Google)






Tenho as sombras lá fora,
os segredos, as agruras,
também sem aventuras.
Lá fora tenho o desalento
vindo pelo sopro do vento
nas coisas erradas que faço;
pelo pequeno espaço
forjado, sem lampejos,
para que eu siga.
Fique calada,
nada, nada diga.
Que o silêncio nos fale.
Dispa-se como eu,
aqui tudo é seu.
Deixe o pejo lá fora,
retire o palor das faces e penetre
neste quarto, pequeno recanto
da minha nudez.
Pela minha tez,
caminhe e me descubra.
Existe aqui um palco, um desfile
de segredos sem preconceitos,
tudo o que foi dito, desfeito,
escrito, talvez sem jeito.
Enfrente minha pele nua,
passeie em cada rua
desfolhando minhas emoções,
pelas vielas onde me segrego,
por onde, de tudo, consigo fugir.
Venha, dispa-se em silêncio,
este é o meu
e pode ser o seu,
o nosso quarto de despir.