Não a reconheci...
Olhei bem aquele vulto,
me parecia bem familiar,
Mas com os meus olhos
marejados de emoção,
Eu não a reconheci,
esqueci o desenho do rosto
Daquela que um dia estava
sempre a me humilhar,
Chora alma, aquilo não
era gente, nem cristão...
Ainda trago no sentimento
e na boca o amargo gosto!
Eu sabia do risco e arrisquei,
Pensei que podia enganar
O destino, pobre infeliz eu fui,
Plantar uma paixão impossível,
Pra sofrer, pra rir e para chorar...
Quanta dor a mim mesmo busquei!
Louco, sem perceber me feri, ui...
Hoje, numa solidão compreensível,
Sei o que significa morrer de amor!
Somente quem vive uma vida assim,
De tantas idas e vindas ao léu... Sabe
o que é ter consigo apenas o céu...
Céu sem luar, sem estrelas e tal,
É ter assim a vida sem rumo,
Uma canoa no rio e não ter plumo,
Navegar em águas assim é terrível...
Viajar em lendas, ir ao sobrenatural!
Juro, a mente estava confusa...
Eu não a reconheci, de verdade,
Acredite, olhei tudo, a calça, a blusa!
Vi os cabelos, os olhos, barbaridade!
Fiquei perplexo, não era a mesma...
Mas quando olhei a sua boca,
Acordei! Que sonho, és louca?!
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 11.08.2015
22h02min [Noite]
Estilo: Livre