Meu tempo de sonhar...
Tenho tantos desejos espalhados,
que a revelia meus sentimentos se multiplicam,
em escritas que anseio derramar pelo mundo,
muitos versos vazios, sem poesia
um êxtase restante de velhas quimeras...
Sou uma amazona agonizante nas estrebarias,
tentando recompor compassos fugazes,
nas pradarias que se abrem para meus sonhos,
até onde eu possa alcançar riachos verdejantes,
na minha finitude latente...
Não quero ir embora ainda,
preciso alinhar minhas forças , em busca
do tempo que não tive tempo de sonhar,
costurar meus cantos e minhas arestas,
antes que minha carne se decomponha...
Quero determinar minha volúpia,
discorrer minha lascívia, sentir que meu interior
ainda não morreu e que ainda posso procurar,
nas brumas da minha vida, um porto,
uma parte do meu eu, que o vento não revirou...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
(Poesia inserida na Coletânea "Versejando" - 2016)