Álvaro e Pagu
Ela era como uma deusa grega,
ruiva e de longos cabelos cacheados
e uma boca vermelha como sangue.
Uma desusa da floresta,
pode chama la de ninfa,
caso queira dar alguma definição,
mas mesmo assim será em vão,
ela é destas que não se define com palavras.
Confundia o simbolo do signo de câncer com o de peixes.
-Olha, são dois peixinhos!
Dizia como uma doce criança que ainda estava descobrindo o mundo.
Justa como Atenas,
valente como Ártemis,
assim era,
gostava de ser chamada de Pagu,
um nome que adotou para os tempos de guerrilha
e protesto.
Ela ouvia Belchior, lia Alan Poe e amava Machado de Assis.
Ele, era tipo Bukowski, de alma velha!
Sempre com o cigarro na mão e um copo com alguma coisa na outra.
- Me vê qualquer coisa com álcool e sem gelo!
Era sua frase preferida.
Mórbido como um poema de Azevedo, por isso ela o chamava de Álvaro,
achava mais bonito do que chamá lo de Álvares.
Usava um anel de caveira e um pentagrama no cordão,
dizia que era para manter as pessoas longe.
Ele era ácido e ranzinza.
Lia Nietzsche, ouvia Raul e ria com Nelson Rodrigues.
Ele adorava o sorriso irradiante dela,
era como uma luz acessa em uma sala escura,
doía os olhos, assustava o, como a um vampiro diante do sol,
o calor daquele sorriso calmava seu coração eternamente amargurado.
Ela, adorava quando ele tirava sua roupa levantando uma das sobrancelhas,
enquanto dava um leve sorriso de canto de boca.
Adorava beber o resto de Wiskey que ele deixava de proposito no bigode
No alto da serra de Pacatuba,
passando pela casa da baronesa
e pelos destroços do avião,
no meio do sito do Boaçu desbravando lugares,
banhando se na chuva e no açude,
no mirante da Pedra do Perigo ver sol nascer por trás do mar.
A barraca ainda quentinha os espera,
a fogueira crepitava espantando o frio.
O por do sol estava lindo,
ele a filmava em câmera lenta vindo em sua direção,
ela caminhava saindo da água.
Nos protestos, ele aprendeu que comunista bebe cachaça,
no carnaval a cantar e dança com Jonhhy Hooker,
no Birocas ouviram Buarque e sua "construção" e
naquele bar de esquina, beberam no seu aniversario.
Caminhavam em meio a floresta,
entre os escombros do castelo de sal,
ele tragava um cigarro mais forte que queimava a língua,
da bebia uma dose para alivia a sensação e ela ali,
agarrada a sua cintura com as duas mãos atadas com força e o rosto colado no seu peito.
Aqueles eram seus pequenos momentos de felicidade
que os filósofos falavam,
os poetas escreveram
e só os corajosos viveram.