Enterro de Violeiro
Guiava o padre
A carroça lotada de flores
Com rosas e cravos a lhe enfeitar
Colibris encantados com as cores
Tentavam se aproximar
Os cavalos a terra pisavam
Do cortejo o silêncio quebrando
Poeira ao céu os cascos levavam
E ao destino eles iam chegando
Da cidade já distante
Num descampado o cortejo entrou
Um ponteiro com seu berrante
O destino final anunciou
Da carroça desceu o caixão
Sobre a verde grama pousou
Um ninho aberto no chão
E uma prece o padre rezou
Cavalos e cavaleiros posicionados
Grande circulo o ninho contornando
Cabisbaixos e todos calados
A pá os ouvidos machucando
O cobertor de terra jogado
O ponteiro uma viola pegou
O parceiro sendo aninhado
Tião Carreiro ele tocou
Cavaleiros em coro cantando
E o corpo foi abrigado
A balada caipira soando
Em um circulo emocionado
Quando as cordas duplas pararam
No poente o sol descia
Da cabeça chapéus retiraram
Saudando o irmão que partia
Vermelho e laranja o céu pintado
Um circulo de chapéus a lhe apontar
Um Pai Nosso sendo entoado
E o berrante voltou a tocar.