Novo olhar

Volta o sol em céu azul celeste e limpo, clareia e refaz a vida;

Retorno à janela e tu não mais estás, inunda de nuvens o claro dia.

O verão que se anuncia, fecha na cor, esquenta em contrapartida

Um adiar de luminosidade, que breve virá em estação vazia.

Nada muda os sons da juventude que canta seus preferidos autores

Embora sem bronzeado natural, se nutre da espera que virá

Por novos climas, novas expectativas fazer grandes clamores;

Rebrilhar todos teus tons, ressurgir do encanto onde tu possas estar.

Afagam as frestas de luz, o raiar pequeno e tímido, quase indo de vez

Do abrasador astro-rei, que embora coberto de sombras, vive

Assim disfarçado, camuflado em densa penumbra toda sua altivez,

Seu poder, sua glória que em breve surgirá pois conosco convive.

Posso vislumbrar-te pouco a pouco, nas nuances com que voltas

Mas brincas comigo, com os pássaros, e com os ruídos da manhã,

Que teima, desafia, segue frente a seus desejos e se posta;

Pois momento virá, que forte tu regressarás, pra vida que emanas.

Saltas ainda por sobre prédios, longínquos sem visão dos olhos,

Teces tuas teias, em fios bem distintos alaranjados, brilhantes;

De novo te cercam os cúmulos brancos em desenhos luminosos,

Aumentando teus espaços, que vêm e vão a todo instante.

Sejas surpreendente, pouco do verão te resta, sabes bem

Revestes tuas auroras de presença formosa e clara, te peço

Para que não passes a ser uma lenda, de tempos além;

Rasga estes escuros véus de enfumaçado tempo e flua teu arremesso.

Continuo a ver-te brilhar!