A Guerra da Vida

Cadê o véu que antes me envolvia

De compaixão que alimentava com fervor?

Cadê o sal insípido da ironia

Que me fazia acreditar no desamor?

Cadê as fendas da pesada armadura

Que envolveu o meu corpo cansado?

Por que não pude ver entre as fendas duras

Onde escondiam os guerreiros sepultados?

Acredito então, mais na minha lança

E menos na sorte que me sorri

Abomino, embora incrédulo, a ganância

De chorar pelo que ainda, nem perdi

Então, seria guerreiro ou escravo

Nessa imensa arena do viver?

Serei amante ou serei sempre amado

Quando nem sei o que o verbo amar quer dizer?

Assim, o escudo, feita da casca mais dura

Foi rompido, pela pétala da rosa

E como a tela, foi ofuscada pela moldura

Continuei a escrever meus versos em prosa

Sabendo, que temer o inimigo

É sensato, e ao mesmo tempo, irracional

Tome mais cuidado com o amigo

Que jura o bem quando quer fazer o mal

Pois quando estas, no chão, jogado

Ser pisado, não dói lá tanto assim.

Dói mais, ser três vezes renegado

Por quem jurou morrer por ti