TARDES DE AGOSTO

No manso declínio do sol sobre a cor cinza-apagado da tarde vemos o falecer do dia e o nascer da noite...

Tarde fria, de vento e pó, quieta como madrugada, angustiante como a espera... Essas horas mornas, vagarosas, quando o anel rosa e azul envolve o sol... os pássaros voam de volta ao ninho...

Um vôo tímido, um canto calado. Tudo faz parte da mágica do tempo, pois não teria nada de bom nas manhãs de verão senão fossem as tardes sombrias e aconchegantes em que a gente aproveita para sentir o doce amargo sabor da saudade dos tempos passados, dos amores vividos, de alguém que se foi ou da velha amiga Infância...

Tardes que chegam a ser belas...

Em que o céu se enfeita de noites escuras e grossas, de um sol laranja que raramente brilha...

Ah! Essa cor areia, esse cheiro de silencio...

É um quadro de cores tão belas, de traços tão certos ,que nenhum grande artista poderia pintar...

É essa pintura divina que nossos olhos contemplam...

Só uma obra tão linda poderia nos mostrar a saudade e o amor, e só mesmo Deus poderia ser o autor...

1/09/1985

Tilo Rezende
Enviado por Tilo Rezende em 05/10/2007
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