ESPANTANDO A SOLIDÃO

Sentado a beira do mato

mum fim de tarde qualquer

tomo meu mate bem feito

cevado com muito jeito

A natureza Divina

caprichou neste recanto

criou a sombra tão sagrada

o campo e a passarada

o arroio, um encanto

Um cachorro aqui deitado

o cavalo ali pastando

ovelhas, terneiro e vaca

logo vão se aprochegando

Sabiás, perus e gansos

cardeais e saracuras

todos em harmonia

se reúnem todo dia

Sirvo o mate devagar...

um para mim

outro também

e deixo a cuia descansar

Pensamentos que vêm

pensamentos que vão

as vezes se entreveram

e mexem com a solidão

Aos poucos vou separando

um pra lá, outro pra cá

é como apartar o gado

com o tempo a gente aprende

e vai deixando alguns de lado

Ronda a solidão

fica ali bem de pertinho

roendo devagarinho

querendo se apoderar

Mas sinto estar acompanhado

não sei bem como explicar

creio estarem ao meu lado

energias do passado

de alguém a matear

Sirvo o mate devagar...

um para mim

outro também

e deixo a cuia descansar

Pensamentos araganos

me levam pra outras bandas

querendo me convencer

ser melhor eu lá viver

Mas meu destino é aqui

no lugar onde nasci

e bem na beira do mato

como fosse passarinho

até já fiz o meu ninho

No vai e vem dos pensares

vou guasqueando a solidão

mateando neste recanto

que o Criador me ofertou

e até me recomendou

que cuide com devoção

Quem sabe, um dia desses

chegue aqui bem de mansinho

uma prenda desgarrada

que queira fazer seu ninho

Tomar um mate bem feito

cevado com muito jeito

servido bem devagar

um para mim

outro para ela…

e deixo a cuia descansar.

(poema musicado pelo também poeta Álvaro Santestevan, disponível em seu canal no YouTube)

Cláudio Meireles Gonçalves
Enviado por Cláudio Meireles Gonçalves em 21/11/2019
Reeditado em 21/11/2019
Código do texto: T6800015
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