VENTOS
Ventos que sibilam à luz do dia
no ouro deserto dos girassóis
embalando a inerme roseira guia
dos cânticos suaves dos rouxinóis.
Ventos que percorrem bosques sombrios
onde as pungentes pedras cintilam,
quando do sol despontam vestígios
que o farfalhar das árvores incentivam.
Ventos que tocam na folhagem da fantasia
refrescando o campo branco de lírios
no instante milagroso de uma poesia
inspirada em contemplação e delírios.
Ventos que arrancam a folha amarela
levando-a em frenético assoviar
em festejo de luzes e não flagela
deixando-a em águas mansas a flutuar.