Poesia inquieta

Quando a primeira vez minh’alma inquieta

Do cerrado, gritou, gemendo na poeira

Dentro do peito solitário dum triste poeta

Desabrochou a lágrima, da poesia inteira

E a poesia sentiu o pesar rasos de água

Saiu-lhe entre os dedos em alto volume

Queixume, em rima de paixão e de mágoa

Que tem, tal a rosa, espinhos e perfume

E nos versos, por onde a ilusão passava

Ia o salmo espalhando as suas sementes

De modo que, nuvioso, nos versos ficava

Num trovar de choro e lágrimas ardentes

E assim, o versejar em sua Via Dolorosa

As trovas achatadas e triste de saudade

Onde o sonhador, na noite, fria e chorosa

O versar se arrastava em solitária metade

E neste campo arrastou o gemido canto

Das quimeras angustiadas e com soluços

Molhou o branco do papel com seu pranto

Para infeliz, penoso, criar versos manguços

E assim, o versar ficou, cheio de amargura

Que debaixo dos segredos da noite e da lua

Confidenciou aflições e de árida desventura

Imortalizando nesta prantina as dores sua...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

13/06/2019, 05’25’ - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 13/07/2019
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6695014
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