Poema de rima (Rua das Misericórdias)

Tudo o que ela queria era achar a rua.

Não sabia ao certo onde era

Ou se ao menos existiria debaixo da lua

Tal logradouro com muros de hera.

Só a certeza de que tudo seria reescrito

A procelosa vida tumultuada, imprevista

Com um amor sempre proscrito

Que não trazia nada e nem a fazia bem quista.

Na Rua das Misericórdias tudo relevado seria

A vida teria novo começo e novo fim

A tristeza na vida não mais parte faria

Um sim, em não, e um não em sim

Veria a verdade não mais velada

Pela mentira fortuita e velhaca

Na fria e anacoreta madrugada

Sempre escura e opaca.

A bendita rua, bendito logradouro

Não só daria fim as suas dores,

Seus desencantos e seu agouro

Que até hoje carrega, caluniadores

Lento, lento procurar do que não acaba.

Já cansada, sem alento,

na calçada assim desaba,

numa noite que não tem nem vento.

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 02/07/2019
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