Poema de rima (Rua das Misericórdias)
Tudo o que ela queria era achar a rua.
Não sabia ao certo onde era
Ou se ao menos existiria debaixo da lua
Tal logradouro com muros de hera.
Só a certeza de que tudo seria reescrito
A procelosa vida tumultuada, imprevista
Com um amor sempre proscrito
Que não trazia nada e nem a fazia bem quista.
Na Rua das Misericórdias tudo relevado seria
A vida teria novo começo e novo fim
A tristeza na vida não mais parte faria
Um sim, em não, e um não em sim
Veria a verdade não mais velada
Pela mentira fortuita e velhaca
Na fria e anacoreta madrugada
Sempre escura e opaca.
A bendita rua, bendito logradouro
Não só daria fim as suas dores,
Seus desencantos e seu agouro
Que até hoje carrega, caluniadores
Lento, lento procurar do que não acaba.
Já cansada, sem alento,
na calçada assim desaba,
numa noite que não tem nem vento.