TEMPORAL
Pouco a pouco de horizonte a horizonte, sem se dar conta,
Vão-se acastelando as negras nuvens e da sombra que desponta
Num momento ouve-se um fragor medonho no céu entoar
Caem torrentes de água diluviana, que em torrente medonha
Tudo arrasta em seu desgovernado caminho buscando o mar...
Toda a criatura em seu mísero refúgio se procura acolher temerosa,
Todo o ser vivente treme e em desordem se protege do céu furibundo,
O medonho temporal a todos fustiga com sua voz gritante e alterosa,
E pouco e pouco, entretanto a fúria diluida, de novo abraçará o mundo...
E então rasga-se um sorriso e de novo brilha o sol afastando as dores,
Entre brancas nuvens que a pouco e pouco se afastam com lentidão,
E o radioso arco-irís surge de novo, em suas esplendorosas cores...
Bordando o azul luminoso do céu, num abraço colorido de paixão...
E do tremendo temporal o que restou inalterado vai-se agora somar...
A rocha firme em seu leito profundo, com suas raízes ancorada,
Tudo o mais foi arrastado e destruído a caminho do imenso mar,
Toda a natureza transitória, leve, colorida, sem bases, arrastada...
E por sobre a floresta que renasce, com cantos de aves trinando,
Árvores de ramos partidos, folhas caídas na enxurrada boiando,
Seres esperançosos saem de suas tocas de sob as raízes farejando,
Olhando em todas as direcções, um caminho seguro, procurando...
E por sobre toda a cena da natureza em esperança renovada,
Brilha sem mácula no céu azul, qual esperança renascida,
O sol brilhante, quente, reverberante de luz sem ser manchada,
E o arco-íris, que ao fundo do horizonte, guarda o tesouro da vida...