CASA DE PICA PAU

A beira do rio

Solene e esplendoroso

Escrevo no casco do navio

Para que leves de mim

[ O que se dizia amoroso.

No fim, se tornou forte e afrontoso

Para coração machucado de poeta.

Por entre as marolas da cachoeira

O suave se mistura ao turbulento

Ambiente mais do que perfeito

Para despejar nas águas

A doença perdiz de uma era.

Ao longe vejo o mesmo sendo feito

Homens cansados, em seus corações

O mesmo defeito: os buracos do desejo de amar,

Que viram ninho para o pássaro de peito vermelho saudade.

Seja bom, amigo rio,

E ajude os infelizes,

Pois só você possui a força

Para carregar tais sentimentos

Envelopa-los em teus tormentos

E faça-os nadar.

No coração, a ave se cria,

E rezo para que um dia

Ela se ponha a voar

Para que possa o roto coração

[Voltar a amar.