Uma terra marcadamente dura

que terra tão marcadamente dura

montes escuros redondos de pedra densa

encostas que escorrem uma baba imensa

mato queimado no meio dessa secura

os rebanhos procuram na encosta intensa

vestígios de um novo capim que não vem

transformado em ossos de carcaça pura

e mugidos dos bois à chuva que não vem

os cães abandonados uivam na madrugada

em alcateias de sons levados pelo vento

são da brisa como ecos de um lamento

e trazem-nos a melodia consternada

cortam o silêncio no fio de uma navalha

apontada à imensidão do céu estrelado

os seres mais pacatos são os caboclos

que bocejam no mato enquanto falam

são como lagartos apontados para a lua

à espera que um inseto pouse na palha

de voz estridente como quem ri e ralha

espantam as onças e atraem as corujas

nessa noite preciosa infindável e escura

naquela terra tão marcadamente dura

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 18/01/2019
Reeditado em 09/03/2019
Código do texto: T6553607
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