CHUVA INTRUSA

CHUVA INTRUSA

São noites de chuva em meu coração,

Trazendo no sonho a cor da ilusão;

Trazendo a lembrança de dias felizes,

Sem culpa e magoas roendo as raízes.

A chuva lá fora que molha os telhados,

Me trás nesta hora os momentos passados;

De um dia eu feliz correndo nos campos,

De meu coração, sem dor e sem pranto.

A chuva que bate em tantos telhados,

Me nega o presente e renega o passado;

Deixando a tristeza rasgar minha alma,

Molhando a semente que sempre me acalma.

Se quero eu nego que esperei esta chuva,

Molhando meu corpo, minha mente confusa;

Lembrando de amores que a tempos perdi,

Trancados em um cofre que não esqueci.

Porem não esqueço as magoas difusas,

Da alma cansada, instável e intrusa;

Escusa e calada ao alcance do mim,

Igual esta chuva, igual este fim.

*J.L.BORGES

Jorge Luis Borges
Enviado por Jorge Luis Borges em 28/12/2018
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