Bucolismo
Ando por ai sem graça;
A vida se esvai do corpo
sem força, aos poucos...
Me apoiando no mal que causei
A mulher amada, vou sofrendo...
Percebo a eternidade como compaheira
Ela me fala em passarmos o futuro
Juntos.
Sorrio, sem graça, e me volto
Ao passado...
Fui feliz!
Ao teu lado era forte, nada me abalava
Estruturado no amor por você
Possuia tudo o que queria:
Da tua boca me alimentava,
No teu corpo me abrigava
E dos teus cabelos cor de sol
Descortinava a escuridão.
Minha vida era perfeita.
Hoje incerto e doente
(Você foi mas o amor ficou.)
Não sei o que fazer com um coração
Vazio onde o amor bate melancólico
O teu nome.
Como viver se meu corpo vibra o teu nome?
Fibra a fibra vou me desfazendo
Recordando dos raros momentos...
Olho minhas mãos e resolvo
Cortá-las.
Para que me servem agora?
Tarde descobri sua utilidade,
Tocar você.
Combinação perfeita, veículo
De prazer e emoção.
Senti o calor do sol e não as queimei,
Senti a maciez das nuvens sem desfazê-las,
Tomei tua intimidade e me desgracei.
Tenho-as inútil, sem ofício, caídas
Ao lado do corpo.
Meus braços, pêndulos, movimentam-as
No compaço do coração que lembra
O teu nome.
Vou vivendo, vou sofrendo...
Por que perdi você?
Por que tive você?
Jamais entenderei...
Perdidas no copo de vinho
As perguntas derramam
Pela borda do copo.
Misturado a vinho, perguntas e pó
Me diluo até a chegada do sol.
Torto, sorvo o vinho.
Cego, vejo você.
Você aquece a esperança
Que ainda há em mim.
Feliz evaporo
E antes de tocar você
Condenso no teu desamor
E volto a realidade:
Sou pó, pior sou lama.
Do alto não me vês
Mas me aquece
Como um vil ser.
Destino triste o meu:
Sentir você e não poder
Fazer você me sentir.