POETAS BRASILEIROS
Poetas são aves, passarinhos,
Fazem saudações à linguagem.
Os poemas são ovos postos
E dependem do tempo de choco.
Escrevo linhas e entrelinho,
Há época propícia ao fulgor das penagens,
Escrevo , às vezes, como sob encosto,
Talvez porque em meu dentro sou oco.
Jactâncias nas reentrâncias do ser tão
Afeito a mandacarus, cactos, graúnas;
Fragrâncias nas instâncias de Pã paliçado
Pelas araucárias e gramados do coração;
Pujança que ama zonas francas e perfuma
O cerrado lupino-guará de noites estreladas.
Atlântico, oculto sob pantanais de jacarés,
Meu cocar, tecido em matas de cocais,
Tornam-me forte e inabalável a fé,
Como se todo eu fosse Minas Gerais.