Com o perdão das rosas
Desculpai-me as rosas... Não falarei de vocês.
Do absinto um gole e me preparo para cantar o alecrim,
as romãs e as avelãs. E outros mais,
no jardim da moça do outro lado do rio.
Na tapera do abandono, sem dono, num sonho
eu viajo para o rio, que vira mar a cada maré.
Corta minha proa, na canoa, essa menina-flor;
com seu olhar lânguido sonhando com seus desafios
sem pensar em seus cios e ser apenas feliz.
Lá, na beira do rio, a menina-flor guarda seus poemas num velho baú
de lágrimas, de saudade, de velas de réquiem e dores que sente quieta....
São os teus tempos de baús e sonetos...No quarto da saudade guarda,
num criado-mudo, sua caneta-tinteiro, seus dias de amor intenso, o primeiro beijo e algumas dores...
Atrás da casa, com a porta sempre entreaberta,
há uma horta... aromática: coentro,absinto para licores...algumas flores:
onze horas e bem-me-quer...
Desculpai-me as rosas...
O quarto da menina, de olhar denso e triste,
tem sua janela para o amanhã e para o rio...
O destino aguarda ali a cama, a moto e o vestido azul cobalto...
Ali ela se encerra, unindo a beleza do rio,
o colorido do poema e o perfume da poesia.
Todas as dores de ser vivo ela viveu.
Mulher... de atavios, guirlandas e cios.
Poetisa, brinca com as palavras....Brinca mesmo, a esmo...
Esconde suas dores, seus mistérios e suas incógnitas
no fundo fundo do rio e os abre nos seus poemas,
que rivalizam com as belas fotos-temas...
Há mais: a amazona, a borboleta, a moça ao Sol
e elas alertam o leitor de consenso que pela frente vem bela poesia.
Bom proveito.
(Dedico este poema à poetisa MaisaSilva)